sexta-feira, 29 de março de 2013

Marvel NOW: um começo para iniciantes e um recomeço para os veteranos.

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As duas grandes empresas de quadrinhos do mercado mundial estão sempre buscando novas formas de atrair novos leitores para seus mundos fantásticos. Afinal, com o sucesso de filmes como Vingadores e Cavaleiro das Trevas Ressurge, a tendência é ter cada vez mais gente se interessando pelo material original, ou seja, as histórias que dão origem aos filmes. E uma dessas iniciativas para atrair novos leitores foi a Marvel NOW, lançada em outubro do ano passado. Entenda mais sobre a iniciativa aqui.

Em 2011 a grande concorrente da Marvel, DC Comics, anunciou um projeto bombástico: zerar todas suas publicações e recomeçar seu universo do zero, desconsiderando tudo que aconteceu anteriormente com seus heróis, salvo as histórias do Batman e Lanterna Verde. O projeto foi chamado de “Os Novos 52” e ainda rende histórias de altíssima qualidade. Enfim, as vendas da editora bombaram e a Marvel se sentiu ameaçada, perdendo o mercado. E para reconquistar os leitores, lançou uma resposta em dois atos: o primeiro, a famigerada saga Vingadores vs. X-Men (que chega ao Brasil nesse mês). Com um título que fala por sí só e uma proposta visando em grande parte o lucro, a Marvel voltou a assumir o topo das vendas no mercado americano. E então veio o segundo ato, com a ação mais efetiva: um relançamento de suas principais revistas, chamado de “Marvel NOW”. Qual a diferença das ações da Marvel e DC? Simples: a Marvel mantém sua cronologia intacta, sem desconsiderar os eventos passados. Assim, os principais títulos da editora foram zerados e relançados com novos roteiristas e desenhistas assumindo títulos diferentes e ousados, sendo um ótimo ponto de partida para leitores que sairam do hype dos filmes e querem começar agora, mas também sem ofender os leitores de longa data. E sim, a iniciativa foi tão bem sucedida quanto os Novos 52 da DC.

Com qualidade ímpar, alguns títulos tem chamado a atenção e vem sendo altamente elogiados. Sendo assim, decidi fazer uma listinha com os melhores títulos da Marvel NOW, comentando rapidamente a equipe criativa e história de cada um. Ah, lembrando que os comentários podem conter spoilers para leitores que acompanham apenas as publicações aqui no Brasil.

Comecemos com os carros-chefes da iniciativa:

Uncanny Avengers (possívelmente traduzido como Fabulosos Vingadores?)


Com o fim de Vingadores vs. X-Men as relações humano-mutantes ficaram mais ameaçadas do que nunca. E para manter o sonho de Charles Xavier, de uma coexistência pacífica entre as duas espécies, o Capitão América decide tomar uma postura mais ativa em relação aos problemas da sociedade mutante. Assim, ele cria uma nova equipe de Vingadores para atuar nesse meio: liderados por Alex Summers, irmão do X-Man Ciclope, temos o próprio Capitão América, Feiticeira Escarlate, Thor, Wolverine, Vampira, Vespa, Solaris e Magnum.
O título é escrito por Rick Remender (Fabulosa X-Force, Capitão América) e desenhado por John Cassaday (Surpreendentes X-Men).

Vingadores

Quando uma ameaça sem precedentes (sim, isso é comum no Universo Marvel), chega às portas da Terra, os principais Vingadores são derrotados. O que fazer? Crescer. Tony Stark e Steve Rogers decidem expandir a equipe e trazer um novo olhar sob o conceito do grupo. Nomes já conhecidos, como Homem-Aranha, Wolverine, Thor, Hulk, Mulher-Aranha, Capitã Marvel e outros voltam às fileiras da equipe. E novos personagens como a Capitã Universo, Hipérion, Míssil, Mancha Solar e outros fazem sua estréia no grupo. Cabe lembrar que essa HQ é de grande importância para os planos futuros da Marvel, ao construir um evento de grandes proporções, envolvendo o ambiente e os heróis cósmicos da editora.
No roteiro, temos o fenomenal Jonathan Hickman (Quarteto Fantástico, Supremos) e na arte nomes de peso, como Jerome Opeña (X-Force), Adam Kubert (Wolverine), Dustin Weaver (SHIELD) e o brasileiro Mike Deodato (Vingadores, Hulk).

All-New X-Men (isso eu não faço ideia de como vão traduzir)

Aqui vão os spoilers maiores de Vingadores vs. X-Men: ao fim da saga, Ciclope, possuído pela Força Fênix, matou seu mentor Charles Xavier. Num cenário desesperador como esse, o Fera volta no tempo e traz para o presente os cinco X-Men fundadores: Ciclope, Jean Grey, Homem de Gelo, Anjo e o prórprio Fera mais jovem. Agora imagine esse cinco jovens vindos de um tempo inocente, interagindo em um mundo onde Ciclope lidera uma revolução mutante e matou Xavier, Jean Grey está morta e vários outros conflitos internos entre os X-Men estão acontecendo. Pois é, essa é a premissa da série que vem conquistando cada vez mais leitores pros mutantes.
O espetacular Brian Bendis está nos roteiros, depois de quase uma década escrevendo os Vingadores. E desenhando, temos os magistrais Stuart Immonen (Novos Vingadores) e David Marquez (Ultimate Homem-Aranha).

E agora, os outros títulos (que são tão bons quanto os três primeiros):

Fabulosos X-Men

Como eu disse, Ciclope agora é um fora-da-lei. Ele lidera seus próprios X-Men em uma revolução mutante. Scott não vai admitir atos de violência contra os mutantes, e para tal resolveu recrutar um time de índole, no mínimo, duvidosa: Emma Frost, Magneto e Magia, todos ex-vilões. E sob a liderança de Scott eles vão começar a reconstrução do Instituto Xavier para Jovens Superdotados (contrapondo o Instituto Jean Grey, dirigido por Wolverine, o qual pretendo falar em breve). A história ainda não se estabeleceu, mas tem tudo pra ser a melhor dentre os títulos da linha mutante. Bendis mais uma vez assume o roteiro, mas dessa vez acompanhado da arte de Chris Bachalo (Vingadores Sombrios, X-Men).

Fundação Futuro

O Quarteto Fantástico decidiu partir em uma viagem pelo espaço, para que a família possa ter uma experiência didática mais intensa. Para tanto, resolveram escolher quatro substitutos para cuidar da Terra nesse período: Homem-Formiga, Mulher-Hulk, Medusa e Mulher-Coisa (!), que ficam incumbidos de cuidar também da “escolinha” que o Sr. Fantástico criou, a Fundação Futuro. Sim, o grupo é bem bizarro. Mas esse é o destaque do título: a bizarrice, que ao mesmo tempo, consegue ser retratada no cotidiano conturbado da equipe. E é nisso que Matt Fraction (Homem de Ferro, Thor) acerta em seu roteiro: personagens bizarros e completamente distintos interagindo e gerando situações cômicas e bem lights. Sem dúvida um dos melhores títulos da iniciativa, com um ritmo menos acelerado e mais prazeroso de se ler. E a arte de Mike Alred (X-Tactics, X-Force) deixa tudo ainda mais brilhante e charmoso. Recomendo demais.

Superior Homem-Aranha

E aqui, para aqueles que vêm acompanhando as histórias do Aranha apenas no Brasil, mais uma enxurrada de spoilers. Portanto, cuidado.
Pois bem, no final de Espetacular Homem-Aranha #700, Peter Parker teve sua mente trocada de corpo com um de seus maiores inimigos. O Doutor Octopus estava controlando o corpo de Peter e vice-versa. Só que havia um problema: o corpo de Otto Octavius estava a beira da morte. E em uma luta sangrenta, o Octopus (ainda no corpo do Peter) mata o Homem-Aranha (ainda no corpo do Octopus). Porém, antes que Peter morra em seu corpo, Otto promete para o Homem-Aranha que será um herói e que vai fazer de tudo para ser um Homem-Aranha superior enquanto estiver controlando sua vida.
Confuso e bizarro, né? Pois é, essa história já é considerada uma das mais polêmicas da carreira do Cabeça de Teia e fez com que muitos leitores e fãs se revoltassem. MAS e se eu te dissesse que essa premissa vem rendendo histórias muito boas?
Dan Slott (que escreveu Espetacular #700 e tá no comando do Aranha Superior) continua essa história em Superior Homem-Aranha #1, mostrando como o ex-Doutor Octopus vem lidando com seus novos poderes e responsabilidades, e o que ele pretende fazer agora que assumiu a vida de Peter Parker.
Bom, eu sei que é estranho e que muitos vão torcer o nariz sem nem mesmo ler a história, mas eu insisto: deem uma chance. Esse já é um dos meu títulos favoritos da Marvel NOW e ainda guarda muitas surpresas. No fim da edição #1 vocês entenderão do que eu tô falando. E claro, a arte fenomenal de Ryan Stegman (Aranha Escarlate) faz tudo ficar ainda mais bonito.

Guardiões da Galáxia

A Marvel vem tentando, cada vez mais, fazer uma ponte entre seu universo cinematográfico e dos quadrinhos, para que os leitores de uma mídia possam migrar mais facilmente para outra. No fim do filme dos Vingadores, os espectadores tiveram contato com Thanos, o titã louco e vilão de longa data do grupo nas HQs.
Com isso, a editora vem tentando desenvolver mais o seu lado cósmico nos quadrinhos também, como disse no comentário sobre a HQ dos Vingadores. E já pra 2014, está agendada a estréia do filme dos Guardiões da Galáxia. Sendo assim, aqui temos a nova HQ daqueles que são considerados os “Vingadores do Espaço”.
Até agora, tivemos apenas a edição #0.1 e #1 desse título, comandado por Brian Bendis (de novo) e Steve McNiven (Guerra Civil, Wolverine). Mas considerando os planos da Marvel pro futuro de seus universos em quadrinhos e cinematográfico, já é de se imaginar a importância desse título.
De qualquer forma, recomendo a leitura da edição de prólogo (#0.1), que conta a história do líder do grupo, Peter Quill, o Senhor das Estrelas, mas que também já dá uma breve introdução no grupo que veremos daqui pra frente: Rocket Raccoon, Groot, Gamora, Drax e a surpresa final, Tony Stark, o Homem de Ferro.

Thor: Deus do Trovão

Um matador de deuses está a solta, aniquilando deuses de todos os panteões mitológicos. E o responsável por detê-lo é o Deus do Trovão, Thor. Mas o destaque aqui, fica para a abordagem de Jason Aaron (Wolverine e os X-Men, Incrível Hulk). Acompanhamos as batalhas de Thor contra o assassino em três frontes (e tempos) diferentes: passado (com um Thor jovem e inconsequente), presente (com o Thor responsável e membro dos Vingadores) e no futuro (onde vemos um Thor velho e amargurado, governando o que restou de Asgard).
Na arte, Esad Ribic (Loki, Supremos) nos deixa ainda mais fascinados por essa história magnífica.

O Indestrutível Hulk

Nos útlimos anos, o Hulk passou por péssimos momentos (e escritores) na Marvel. Apenas no ano passado que Jason Aaron (aquele ali, que tá escrevendo o Thor) assumiu o personagem e o levou em um rumo extremamente genial e ao mesmo tempo maluco.
Enfim, agora é a vez de Mark Waid (Demolidor, Quarteto Fantástico) escrever o Gigante Esmeralda. E posso dizer uma coisa: ninguém melhor do que Waid para “consertar” personagens que passaram por maus bocados, afinal, o cara ganhou um prêmio Eisner (tipo um Oscar dos quadrinhos) pelo seu trabalho “arrumando” o Demolidor.
E o Hulk já está passando por uma de suas melhores fases, em minha humilde opinião. A história traz um Bruce Banner conformado com sua situação. Se o Hulk destrói, ele constrói para compensar. E para construir, ninguém melhor do que a SHIELD te financiando. Mas, a agência quer algo em troca: o Hulk será sua arma, quando precisarem de um poder mais esmagador.
Acompanhado pela arte de Leinil Yu (Invasão Secreta, Novos Vingadores), Mark Waid promete trazer histórias memoráveis para o personagem. Mais um título obrigatório.

Jovens Vingadores

Ok, aqui meu lado fanboy fica bem escancarado: esse é um dos meus títulos favoritos MESMO.
Bom, aqui nós temos uma equipe muito interessante, mas não exatamente inovadora: Wiccano (filho da Feiticeira Escarlate), Hulkling (filho do Capitão Marvel), Miss America Chavez (uma aprendiz de Capitão América, vinda de outra dimensão), Gaviã Arqueira (uma espécie de side-kick do Gavião Arqueiro), Marvel Boy (ex-Vingador, alienígena) e uma versão mirim do Loki.
Para entender esse Loki, recomendo que leia Jornada ao Mistério, publicada a pouco tempo aqui pela Panini. Basicamente, trata-se do Loki de sempre, mas dessa vez na forma de uma criança, tentando provar que ele pode ser um cara bom e que pode ajudar o Thor a salvar o mundo. Mas ainda assim ele é o Deus da Trapaça. Ou seja: é divertido demais.
Bom, a equipe não é exatamente uma equipe e o objetivo da HQ é mostrar como adolescentes super-poderosos lidam com suas vidas. E isso também é divertido demais.
E para deixar tudo ainda mais espetacular, o roteiro de Kieron Gillen (Jornada ao Mistério, Homem de Ferro) e os desenhos de Jamie McKelvie (Defensores, X-Men Season One) trabalham com uma narrativa interessantíssima:  tentam retratar a história usando técnicas diferentes, remetendo a clipes de músicas e tendo até uma trilha sonora recomendada para acompanhar a leitura.
Pros que que apreciam uma boa história em quadrinhos, é recomendadíssimo. E pras pessoas que não conhecem os personagens, fica aqui a dica para um ótimo ponto de partida.

Nova

Bom, aqui a coisa se torna um pouco estranha. Tudo isso porque esse já é um dos títulos que mais me agradaram (sim, quase todos me agradaram). Mas enfim, as coisas ficam estranhas por um simples motivo: Jeph Loeb. Pra quem não conhece, ele é um dos roteiristas mais criticados e odiados na Marvel Comics. Diferente dos seus trabalhos grandiosos no Batman, Loeb escreveu (na grande maioria das vezes) histórias medíocres na Marvel, como Hulk ou Supremos. Mas aqui ele acerta em cheio, e isso me surpreende. Positivamente, é claro.
Nessa HQ conhecemos a história de Sam Alexander, o novo Nova (trocadilhos à parte) e seu pai, que é ex-membro da Tropa Nova (tipo uma Tropa dos Lanternas Verdes, mas da Marvel). Trabalhando clichês de uma forma convincente, Loeb nos faz gostar e nos identificar com o protagonista já na edição de estréia, o que é louvável, ainda mais vindo das mãos de um escritor já desacreditado.
E também já na primeira edição temos a participação dos Guardiões da Galáxia: Rocket Raccoon e Gamora, evidenciando ainda mais os planos da Marvel para seu universo cósmico.
Na arte, Ed McGuiness (antigo companheiro de Loeb em Hulk e Batman/Superman) faz tudo parecer mais ágil e emocionante. É estranho admitir isso, mas esse título realmente me empolgou.


Bom, esses são alguns dos que eu considero os melhores da Marvel NOW. Mas não acaba por aqui. Ainda há alguns títulos a serem lançados, que prometem ser tão bons quanto os citados acima. São eles: Thanos Rising (por Jason Aaron e Gabrielle Del'Otto) e X-Men (por Brian Wood e Olivier Coipel). Assim que lançarem, tentarei trazer análises desses títulos.

Ah, e esperem por uma análise mais elaborada de todos esses títulos nos próximos dias. Por hoje é só.

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